Em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, mas exatamente, no Morro da Rosa Negra, vivia uma mulher de nome Mercedes. Ela era moradora antiga da localidade e muito querida por seus vizinhos. Mercedes, mulher viúva e só, trabalhava como lavadeira e passadeira, para sustento seu e de seu único e extremamente amado filho João Antônio, um adolescente de 16 anos.
Mercedes muito trabalhava, para não deixar nada faltar a seu único e extremamente amado filho João Antônio; pois quando este nascera, ao olhá-lo pela primeira vez, prometera não lhe deixar nada faltar; e lutar, com toda a sua “pouca força” de mulher só (seu marido já havia falecido) para que a miséria e a maldade – que são os impiedosos assoladores deste mundo – não o fizessem sofrer e chorar. Ela muito lutou, não só para sustentá-lo, mas também para educá-lo nos bons caminhos, que esperava ela, ele viesse a andar... Mas, o destino fôra deveras cruel com a pobre mãe-guerreira Mercedes.
Mesmo tendo muito lutado, ela não conseguiu evitar que seu único e extremamente amado filho João Antônio fosse atraído pelo, ilusoriamente, mágico e compensador mundo das drogas. Após vencer sua própria resistência em admitir a si mesma, que seu único e extremamente amado filho João Antônio, era usuário de drogas e “vapor da boca”, Mercedes muito chorou, trancada em seu quarto (que não era só seu) perguntando-se: onde havia errado (?).
Dentro de suas limitações, enquanto mulher só, sem instrução, pobre e favelada, Mercedes tentou de todas as formas livrá-lo desse mal; tiveram dias em que Mercedes era despertada, de seus cochilos na dura cadeira colocada frente à porta da sala, altas horas da madrugada, para socorrer seu único e extremamente amado filho João Antônio, na delegacia de policia da cidade; ou quando não, ir buscá-lo na boca de fumo, para que o mesmo tomasse banho e se alimentasse...
Esta guerra... ela não conseguiu vencer! Certa noite, enquanto Mercedes e seu único e extremamente amado filho João Antônio dormiam, dois homens armados invadiram a casa e aos chutões, aos dois despertaram. Mercedes e João Antônio pularam aterrorizados de suas camas sem saberem o que estava acontecendo; mas, com o passar dos décimos de segundos, a surpresa inicial se transformou em pavor eminente. Os dois “pequenos” homens (adolescentes como João Antônio) eram soldados do tráfico na comunidade e estavam ali para “cobrarem” uma dívida do único e extremamente amado filho de Mercedes, João Antônio, que havia derramado a boca. Mercedes, desesperada, disse-lhes que não tinha nenhum dinheiro em casa naquele momento, mas ao amanhecer retiraria de sua poupança, o pouco dinheiro que havia economizado para o futuro de seu único e extremamente amado filho João Antônio, e se a quantia não fosse o suficiente, ela arrumaria o restante com os seus vizinhos e parentes, e sem falta os pagaria. Os dois “homens” se entre olharam, e sem nada dizerem, apontaram suas armas para João Antônio e atiraram duas vezes contra o aterrorizado rapaz, que já contava com sua morte; mas, antes mesmo dos tiros serem disparados, Mercedes, gritando em desespero pela vida de seu único e extremamente amado filho João Antônio, entrou na frente dos disparos e recebeu em sua cabeça e peito os projéteis endereçados ao seu filho. Os traficantes, vendo aquela cena, ficaram “atônitos” – pois era a primeira “encomenda” dos dois – se retiraram as pressas do local; lá deixando no chão estirado um corpo sem vida... de uma mãe-guerreira, e de seu único e extremamente amado filho João Antônio, um corpo sem paz!!!
“A maior entrega de amor,
é aquela que nenhuma segurança nos dá de sermos correspondidos;
assim como Jesus não foi... por nós!”
(Pastor Rogério Godoy)
“...Ele colocou sobre Si mesmo as nossas dores, Ele mesmo carregou nosso sofrimento. E nós ficamos pensando que Ele estava sendo castigado por Deus por causa de seus próprios pecados! A verdade, porém, é esta: Ele foi ferido por causa de nossos pecados; Seu corpo foi maltratado por causa de nossas desobediências.; Ele foi castigado para nós termos paz; Ele foi chicoteado – e nós fomos curados! Nós andávamos perdidos e espalhados como ovelhas que não tem pastor! Nós abandonamos os caminhos de Deus e seguimos os nossos próprios caminhos; apesar disso, Deus jogou sobre Ele a culpa e os pecados de cada um de nós.”
Versão ao texto do profeta Isaias (Cap. 53 vers. 4 à 6 – A Bíblia Viva), que narra o sofrimento e morte de JESUS, antes mesmo dEle nascer.
COMENTÁRIO do Autor:
No texto primeiro, o amor da mãe (Mercedes) está aliado à culpa, que ela não tinha, pelo seu único e extremamente amado filho João Antônio ter enveredado por caminhos de sofrimento e morte – essa decisão não cabia à ela; mas, somente a ele. E no texto segundo, o amor está aliado à obediência,... a obediência de Jesus (Ele) a Deus, sofrendo e morrendo em nosso lugar; isso tudo por amor a nós: eu e você. Exaltar a atitude de Mercedes e desprezar e/ou execrar a João Antônio, é fácil! Mas, se nos lembrarmos que um dia Jesus fez o mesmo por nós, talvez nós venhamos a ter compaixão pela vida de muitos “Joãos Antônios” (como nós) que, ao optarem por caminhos errados, vivem vagando pelo mundo à fora... num CORPO SEM PAZ; por decidirmos por vivermos sem JESUS.
“Para muitos, se entregar por amor
no lugar de quem nos ama é fácil;
difícil mesmo é se entregar por amor,
no lugar de quem pouco se importa com isso!”
(Pastor Rogério Godoy)