DANÇA/ADORAÇÃO

A Dança Como Expressão de Adoração

Por. Rogério Godoy

 

Creio que por volta do ano de 1990, me matriculei no curso livre  de Balé Moderno da Escola Estadual de Dança do Rio de Janeiro. Como já havia terminado meus cursos livres de Desenho Arquitetônico e de Jornalismo, decidi por fazer algo pelo meu corpo. A cada movimento, ministrado pelo professor Emanuel Brasil, eu mais me apaixonava pela arte da dança; mas, pouco tempo depois, tive que interromper meu sonho de bailar  por problemas patológicos. E foi somente anos depois, para ser mais exato 2005, que tive por mais uma vez minha vida atrelada à dança. A frente do Ministério Bem Yeshua, em uma igreja da cidade de São Paulo, criei junto à minha amada irmãzinha Lilian Moreira um ministério de Dança Profética. Muitos, da congregação,  questionavam-nos o porquê da criação de mais um grupo de dança, pois neste tempo já havia dois. Talvez tenha sido por muito observar a esses dois ministérios que tive o desejo de criar um outro. Não para competir com os mesmos; mas, para apresentar uma nova forma de se adorar a Deus, além dos passos devidamente coreografados e ensaiados. Muito embora creia que toda expressão de adoração ao Pai, quando feita de coração, é valida,  eu também acreditava que uma dança de movimentos livres, frutos de um desejo latente de alcançar o coração de Deus e chamar sua atenção para o adorador, seria muito agradável ao ser adorado. Quando marcamos hora, ou lugar para algo acontecer, temos um certo domínio sobre a situação; mas, se o desejo de adorar estiver entrelaçado com a seriedade e a espontaneidade,  maiores são as possibilidades dela alcançar... a verdade.

Varias são as passagens bíblicas que narram momentos de dança, como divertimento social (Ec. 3.4/ Jr. 31.4,13/ Mt. 11.17; 14.6/ Lc. 15.25), de regozijo público (Jz. 11.34/ I Sm. 18.6; 21.11; 29.5) e as de ato de adoração (Ex. 15.20; 32.19/ Jz. 21.21/ I Rs. 18.26/ II Sm. 6.14,16/ Sl. 150.4). Quero atentar apenas para II Sm. 6.14,16. Após a morte de Saul, Davi foi reconhecido como rei sobre Judá e só dois anos mais tarde, com a morte de Is-Bosete que havia assumido o trono de seu pai Saul sobre Israel, é que Davi foi proclamado o monarca do povo de Deus.

Logo a seguir da conquista de Jerusalém das mãos dos Jebuseus e derrotar os Filisteus em Baal-Perazin, Davi decide por trazer a arca de Deus para a cidade de Deus, que era Jerusalém. Apesar dos transtornos da viagem e um episódio de morte, a arca chega a Jerusalém. A alegria do  rei era tão grande  que ele decidiu por  adorar  ao Rei dos reis, diante o utensílio que representava bem mais que sua presença, dançando vestido apenas de um colete sacerdotal. Davi não se importava com o que iam pesar dele, não procurou um bom coreógrafo no reino para lhe doutrinar nos melhores passos, não buscou em seu closet real sua melhor combinação de vestimenta; após entender a forma correta de “se carregar a glória de Deus”,  ele apenas o homenageou com o que tinha, o que naquele momento era seu corpo em movimentos de adoração. Não sou de forma nenhuma contra a dança coreografada; mas que prefiro uma adoração espontânea através de movimentos bailados, isso é claro.

Quando a dança do adorador expressa não somente sua técnica, mas também, sua gratidão, seu sacrifício, sua obediência, seu amor, e seu desejo desesperado de tirar sorrisos da face de Deus,  creio que o objetivo da adoração foi alcançado.